14/01/15
Crónica de XV Marcha a Teixeiro
(extraido de Abordaxe Revista)
Para ontem, e um ano mais, as organizadoras da XV Marcha a Teixeiro voltaram cobrir o permiso pertinente para evitar sofrer a mais que factível postérior repressom via multas. Mas é claro que desde os poderes ejecutivos e dos seus servidores uniformados nom vam permitir que a solidariedade para com as pessoas encirradas nos seus cárceres, seja um direito e porám todas as “legalidades” que tenham da sua mam para nom nos deixar ejercer-la.
Assim doutra volta vimo-nos na obriga de ter que suportar um control excessivo e exclussivo para nós, nas proximidades do penal, e tanto num sentido como noutro. Várias dotaçons da Garda Civil, alguns dos seus membros armados com ametralhadoras, obrigarom-nos a sair da estrada carro tras carro e case todas as solidárias (algumhas afortunadas zafarom) tivemos que passar polo mesmo paripé teatral de bos e boas cidadás obedecentes das leis (pese a que nom estivéramos a fazer nada ilegal):
Ópera “Mofa” do Control cidadá
Primeiro e único ato ( repite-se o ato com cada carro e até de tres carros ò mesmo tempo, em dois cenários iguais em cada sentido da estrada nacional):
Leve o carro até alá, pare, apague o carro, um dos chefes se achega polo lado do volante e um subalterno polo do copiloto olhando para dentro tras um lentes obscuros e portando umha metralheta mete-medo; o chefe demanda, primeiro da pessoa que ia manejándo, a sua identificaçom e à do carro, depois demanda as identificaçons do resto de tripulanes, e ato seguido ordena sair, umha a umha, dos carros, baleirar os petos enriba do capo e ser registradas antes de poder recolher de novo os nosso efeitos personais e ser desprazadas uns metros sempre baixo a atento olhar do subalterno e da sua metralhadora; umha vez baleirado o carro de pessoas, passam a registra-lo, possívelmente na busca de nada e assim até que por fim nos devoltam as identificaçons e nos dim que podemos seguir caminho e deixar sítio ò seguinte carro para começar de novo com a mesma cena e conseguindo com esta treta legal provocar um retrasso forçado da nossa hora prevista da saida da marcha até o talego, as 12 do mediodia.
É de mentar o feito de que um desses subordinados da metralheta, chegou a apontar e fija-lo objectivo cum raio láser a umha das pessoas que ia de co-piloto dum carro, quando este figera o ademám de levar a sua mam cara um peto interior da sua chaqueta em aras de colher a sua documentaçom, o seu delito foi faze-lo aceno antes de que lhe-la pediram, e igual é só casualidade mas é de resenhar que esta pessoa é de origem marroquino; se bem nom tinha porque consistir num ato reflexo xenófobo do garda, igual foi que nom lhe molou que se saltara o guiom e el é um professional do teatro.
Além houvo outras personagens nom previstas nos papeis do diretor das cenas, a de dois solidários com carne de advogado que recopilarom também todos os dados e se nos apresentarom como nossos advogados; feito que descontrolou um tanto o guiom previsto e que esperemos que serva como garante de que nom se inventem contos para multar-nos por nada.
Monsergas aparte, tras esse retraso forzoso, a saida desde o ponto de encontro das gentes que procediamos de diferentes lugares da Galiza foi um tanto tardio, pois só se tinha de permiso até as 3 da tarde. E assim partimos 100 pessoas e umha cadela(*) estrada diante e com a Garda Civil dirigindo o tráfico rodado com um sin cesar dos berros oportunos como o de “Até aqui chega o cheiro das torturas em Teixeiro” ou “Nom estamos todas falham as presas”. Quando estavamos a chegar soavam foguetes que va-los estoupar num ceio azul com um sol radiante que aportava algo diferente a esta sempre calurosa Marcha. O chegar ò ponto marcado polas forzas da ordem, caimos na conta de que os pinos, prantados adrede para impedir-nos a vissom das presas e a e-las de nós, estavam bem medrados e frondosos com o que a maioria optou por por-se as agachadas para poder cruzar-se os olhares e os berros como se acostuma ano tras ano.
Mas este ano, nom só o tempo atmosférico foi totalmente diferente ò habitual, também o tempo que durarom os berros das presas e os sinais de roupa agitada tra-las reixas das suas ventás; pois tras um primeiro momento, quando chegamos, em que se viram movimentos e se escuitara um berro prolongado, fixo-se o silêncio e desapareceu toda vestigem de que nas celas houvera alguém, mesmo houvo quem adivinhou a ver como nalgumhas reixas se colocavam cartons (nom sabemos se tinham algumha mensagem, para a próxima haverá que levar binoculares; ou forom colocados adrede para tapa-la visom das presas). É certo que era a sua hora do jantar, mas nom é a primeira vez que se fai a estas horas e sempre havia quem decidia nom baixar ò comedor, em troques este ano se fijo o vazio absoluto. Nom temos ainda conhecemento de qual foi a razom de tal corte da comunicaçom entre solidárias e presas, pero foi quanto menos moi estranho. Nós seguimos berrando até que consideramos que já nada faziamos lá e marchamos até o vindeiro ano, isso sim, denantes marchar juntámo-nos todas para escutar umha proposta de Solidariedade para com Javi Guerrero, preso de A Lama em greve de fame, para enviar-lhe cartas ò hospital provincial de Pontevedra, onde vai permanecer ainda uns dias dado o seu delicado estado de saude (deixou a greve de sede), e também umha lembrança solidária para com Roberto C. Fernandez Pardiñas, preso libertário da Campaña Cárcere=Tortura encirrado no CP de Monterroso (Lugo).
Posteriormente em Compostela a jornada solidária foi um éxito. O jantar e o ceador forom deliciosos, os titiriteiros reconvertidos em cómicos (ou vice-versa) e as actuaçons musicais entre aplausos e umhas risas necessárias para rematar tudo com umhas sessons de dj’s num ámbente moi agradável que da forças para repetir mais veces esta jornada solidária.
(*) Alguém se passou o curro de contar-nos, se bem há que engadir algumhas mais, entre elas as pessoas que ficarom este ano de vigilantes dos carros, dado que desde que num ano nos picaram as rodas de bastantes carros (dalgum mesmo duas) sempre há quem tem que pandar com esta fazeta ingrata.
Tancredo Tantonto para Abordaxe
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